Reeducandas de Mato Grosso do Sul estão realizando exames preventivos em base líquida e teste molecular para HPV (papilomavírus humano). A pesquisa integra um estudo sobre prevalência de lesões do colo do útero e da infecção pelos tipos de alto risco HPV 16 e 18 em mulheres privadas de liberdade.
A ação está sendo desenvolvida nos estabelecimentos penais femininos de Campo Grande (“Irmã Irma Zorzi”) e em Três Lagoas, fruto da parceria da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), SES (Secretaria Estadual de Saúde) e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
O projeto é conduzido pela aluna de doutorado, enfermeira Elaine Regina Prudêncio da Silva, sob orientação da Profª. Dra. Inês Aparecida Tozetti, e co-orientação da professora dra. Cacilda Padovani.
De acordo com a orientadora do projeto, Inês Tozetti, estão sendo coletadas amostras com o consentimento livre e esclarecido das internas, com o objetivo de avaliar a prevalência das lesões do colo do útero, através de uma técnica que não é disponibilizada pela rede SUS, e de infecção pelos tipos de papilomavírus humano de alto risco oncogênico 16 e 18.
Durante a ação, as internas participantes respondem um questionário simples sobre informações socioepidemiológicas, que avaliam alguns fatores de risco para a infecção do HPV; além de ser coletado o exame de Papanicolau e realizado o teste molecular para HPV, por enfermeiro credenciado na equipe.
Todas as coletas são acompanhadas por profissionais que atuam no setor de saúde dos estabelecimentos penais.
Considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível, o HPV é responsável por 99% dos casos de câncer do colo do útero e também envolvido no câncer de orofaringe. “Atualmente, tem crescido muito o número desse tipo de câncer causado pelo papilomavírus humano”, comenta a pesquisadora.
A profissional explica, ainda, que em países da América do Norte e alguns da América do Sul, o teste molecular é realizado nas pacientes e em caso negativo para o HPV a citologia é feita a cada três anos e não periodicamente como é no Brasil.
“Nós podemos ter pacientes que não tem nenhuma alteração celular, mas são infectadas pela HPV e por isso precisam de um acompanhamento periódico, porque teria um risco maior de desenvolver o câncer do colo do útero. Então é uma luta do nosso grupo de pesquisa mostrar a necessidade da mudança desse esquema de triagem”, declarou Tozetti, que também atua como orientadora no programa de pós-graduação em doenças infecciosas e parasitárias do curso de medicina da UFMS.
De acordo com os pesquisadores, os resultados dos exames serão repassados à Divisão de Assistência à Saúde Prisional da Agepen, bem como, à Gerência de Saúde no Sistema Prisional da SES, às secretarias Municipais de Saúde e aos gestores das UBS’s Prisionais de Campo Grande e Três Lagoas.
A coordenação do projeto realizará as explicações com os resultados encontrados, enfatizando às equipes de saúde responsáveis as orientações adequadas referentes à importância da realização periódica do rastreamento de lesões do colo do útero, bem como o tratamento adequado.
Em relação às reeducandas que apresentarem alteração nos exames serão orientadas individualmente pela pesquisadora e membros da equipe em sobre o tratamento. Além disso, será assegurado o atendimento médico de avaliação, assim como, atendimento psicossocial mediante necessidade, que serão efetuados pelas equipes dos estabelecimentos penais.
As ações de saúde prisional na Agepen são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária, por meio de sua Divisão de Assistência à Saúde Prisional. O projeto realizada nas duas unidades prisionais, segundo a diretora da DAP, Maria de Lourdes Delgado Alves, se soma às varias iniciativas de atenção à população carcerária do estado já desenvolvidas.
Tatyane Santinoni, Comunicação Agepen
Fotos: Equipe EPFIIZ