Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é a quarta cidade a receber uma unidade da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), fora dos limites da cidade histórica. A sede da Fundação foi inaugurada nessa terça-feira (2/7), ampliando ainda mais as ações da Faop pelo estado, reforçando a política pública de descentralização estabelecida como meta pelo Governo de Minas. Em 2024, a instituição já celebrou a abertura da Faop Liberdade, em parceria com o Centro de Arte Popular, no Circuito Liberdade, na capital mineira, onde estão sendo ministrados cursos de curta duração e exposições.
“A Faop nasce para cuidar da cultura, das artes e dos ofícios de Minas Gerais. É a única escola técnica de restauração do estado. Trazê-la para Santa Luzia é uma garantia de que o patrimônio histórico da cidade tenha um olhar diferenciado. Portanto, damos um passo muito importante para a gestão do patrimônio, para restaurar tudo o que precisa ser restaurado, e ainda formando pessoas”, ressalta o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira.
As ações pela preservação do patrimônio histórico e artístico já começaram em Santa Luzia antes da inauguração. Foi criado um ateliê de conservação, onde técnicos e técnicas da Faop estão trabalhando nos processos de catalogação e de conservação e restauração em cerca de dois mil objetos históricos da cidade, que estavam abrigados no Solar da Baronesa, na região Central do município.
Dentre os itens, estão mobiliários, documentos, plantas arquitetônicas e pinturas. Esses bens culturais, importantes para a memória e história de Santa Luzia, são de propriedade do Museu Histórico Aurélio Dolabella (MHAD), que deve ser implantado no casarão Solar Teixeira da Costa, que está sendo restaurado.
“O amor ao patrimônio histórico é o combustível para que cada vez mais a Faop esteja presente em várias partes do estado. A gente fica muito feliz nessa abertura de ver um espaço tão cheio de pessoas apaixonadas pela arte e pelo patrimônio”, afirma o presidente da Fundação de Arte de Ouro Preto, Luiz Henrique Câmara Trindade.
Novidades
Outra atividade está em curso na nova unidade. É a oficina “Cidade, Museu e Patrimônio: O MHAD e Santa Luzia”, que tem como objetivo explorar a história e as memórias da cidade, a partir do acervo do MHAD. Com carga horária de 15 horas, as atividades incluem uma visita técnica e estão sendo realizadas em três turmas. Nesta sexta (5/7), serão reunidas as turmas em uma aula com visita técnica à Igreja Santuário Matriz de Santa Luzia. A previsão é que em agosto comece a ser oferecido, na nova unidade da Faop, o curso de Auxiliar de Conservação de Bens Culturais. Com duração de quatro meses, as aulas serão gratuitas.
Para marcar a chegada da Faop em Santa Luzia também foi aberta a exposição “Museu Histórico Aurélio Dolabella – Notícias da Vizinhança”, no hall da sede da Faop. A mostra oferece imagens, objetos e documentos para apresentar ao público uma reunião de momentos importantes do casarão Solar Teixeira da Costa, desde sua construção, em meados do século XVIII, aos dias atuais. A mostra apresenta também parte do seu acervo, formado por coleções pessoais e outros guardados como, esculturas sacras, pinturas, instrumentos musicais, indumentárias, instrumentos de trabalho, mobiliário e documentos históricos.
“Santa Luzia é mais antiga que o próprio estado. É importante destacar também em projetos como esse o fomento da participação da população na história da cidade, para que haja pertencimento do seu povo”, destaca o prefeito de Santa Luzia, Luiz Sérgio Ferreira.
Faop de todos os mineiros
Com a abertura da Faop / Unidade Santa Luzia, a instituição, criada há 55 anos, ratifica a afirmação de que a Fundação de Arte de Ouro Preto é, na verdade, de todos os mineiros. Nos últimos três anos, a Fundação colocou o pé na estrada para fomentar e potencializar a cultura dos ofícios e do patrimônio histórico e artístico do estado. A primeira unidade a ser inaugurada foi em Paracatu, em 2021.
Ano passado, em Guaxupé, no Sul de Minas, a Faop também passou a estar presente, inclusive, em um edifício histórico, onde no passado funcionava uma cadeia pública. O lugar virou ponto das artes e dos ofícios, com a realização de atividades gratuitas, como cursos, oficinas e rodas de conversa.
A Faop Liberdade, inaugurada em abril deste ano em parceria com o Centro de Arte Popular, que integra o Circuito Liberdade, vem oferecendo uma intensa programação de ações. De lá para cá, já foram realizados cursos sobre a arte da montagem de tapetes devocionais e de introdução à conservação de bens culturais, além da exposição “Marias”, com as xilogravuras da artista Ana Fátima Carvalho.