o Pantanal e a Cidade de Deus se encontram em segundo dia de Quebra Torto com Letras – Agência de Noticias do Governo de Mato Grosso do Sul

Paulo Lins, Marlene Mourão, Isloany Machado e Henrique Medeiros falaram sobre cultura em manhã de literatura, chamamé e sabores 

O segundo dia do Quebra Torto com Letras, realizado neste sábado (17) no Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, em Corumbá, foi marcado por uma imersão cultural que uniu gastronomia, arte e literatura em uma manhã de programação intensa e plural.

Parte integrante do Festival América do Sul Pantanal, o evento promoveu encontros com escritores e apresentações artísticas, tendo como pano de fundo a tradição pantaneira do “quebra-torto”, refeição típica da região servida nas primeiras horas do dia.

Quem abriu a programação da manhã foi o multi-instrumentista Marcelo Loureiro, que encantou o público com um repertório que passeou pela música pantaneira e fronteiriça, com destaque para o chamamé. Tocando viola, violão e harpa paraguaia, Loureiro foi ovacionado de pé ao final da apresentação.

Na sequência, o público teve a oportunidade de ver uma intervenção artística chamada o Caminho da Onça, oferecida pelo Moinho Cultural, com a participação do artista Leoni Antaquera, músicos de percussão da instituição e a bailarina Aline Espírito Santo, da Companhia de Dança do Pantanal. A performance reuniu dança, música e expressão corporal em uma homenagem às raízes culturais da região.

Logo depois, teve início a mesa de conversa literária mediada pela professora Karina Vicelli, do IFMS de Dourados. Participaram do bate-papo os escritores Paulo Lins, Isloany Machado, Henrique Medeiros e Marlene Mourão.

Autor de Cidade de Deus, obra que ganhou projeção internacional ao ser adaptada para o cinema, Paulo Lins provocou reflexões sobre o papel transformador da cultura.

“Qual o significado da cultura? Se não tiver cultura, não tem palavra. Se não tiver palavra, não tem ciência. Se não tem ciência, não tem história. Se não tem história, não tem tecnologia de ponta. Então não havia o crescimento da humanidade. Então a cultura é aquilo que nos traz como ser humano”, afirmou.

A escritora sul-mato-grossense Isloany Machado compartilhou sua experiência como psicanalista e escritora, discutindo temas como maternidade, identidade e o feminino, presentes em obras como Nau dos Amoucos e Voo Solo.

O corumbaense Henrique Medeiros, com trajetória que une literatura, jornalismo e publicidade, também participou da roda de conversa, ao lado de Marlene Mourão, autora de Azul Dentro do Banheiro. Nascida em Coxim e radicada em Corumbá desde os anos 1970, Marlene trouxe para o debate sua relação afetiva com o que permeia sua produção literária.

“Acho que comecei a escrever para me aparecer mesmo, mas nunca imaginei que teria um livro publicado. Acredito que escrever sem pretensões é ser livre. É o que gosto de fazer”, contou.

Ao final da programação, o tradicional quebra-torto foi servido ao público. Entre os pratos estavam o macarrão pantaneiro, a sopa paraguaia e outras iguarias regionais, encerrando a manhã com os sabores característicos do Pantanal.

O Festival América do Sul acontece até o dia 18 de maio, com uma vasta programação cultural. Confira as atrações aqui: https://mscultural.ms.gov.br/festival/festival-america-do-sul/

Evelise Couto, Ascom FAS 2025
Fotos: Marithê do Céu/Ascom FAS 2025