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Agência Minas Gerais | Plataforma CineHumbertoMauroMAIS se consolida como espaço de memória e divulgação do cinema mineiro contemporâneo 

Quando, em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de covid-19, o mundo das artes e da cultura se viu diante de desafios jamais enfrentados. 

O isolamento e as restrições impostas pelo coronavírus exigiram novos planos e percepções para transformar o ambiente on-line no novo normal.

O Cine Humberto Mauro, principal sala de cinema público de Minas Gerais, localizado no Palácio das Artes e com mais de 40 anos de atuação, tratou logo de se reinventar. 

Surgia, então, em outubro de 2020, a plataforma gratuita de streaming CineHumbertoMauroMAIS (cinehumbertomauromais.com), apresentada pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo e da Fundação Clóvis Salgado. 

Novo normal 

Criada para abrigar as ações virtuais do Cine Humberto Mauro, a estreia veio com a programação da 22ª edição do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte – FestCurtasBH. De lá para cá, a cinehumbertomauromais só cresceu em diversidade e relevância.

“Tivemos de repensar rapidamente nosso plano de estratégia e o CineHumbertoMauroMAIS se tornou um grande atrativo, o que ressalta também o pioneirismo dessa proposta. Quando a pandemia terminou e a experiência híbrida começou a arrefecer, decidimos manter esse caráter de chegar aos lares das pessoas. A plataforma não podia ser uma experiência transitória, não podia acabar na pandemia”, comenta o diretor cultural da Fundação Clóvis Salgado, Bruno Hilário.

Relevância 

Do lançamento, há mais de três anos, a dezembro de 2023, o CineHumbertoMauroMAIS foi acessado mais de 65 mil vezes, alcançando cerca de 200 mil pessoas no mesmo período. 

A plataforma entrou em 2024 com mais de 150 filmes, entre longas e curtas-metragens de diversas épocas, países e movimentos cinematográficos. 

No site, ainda há catálogos, ensaios inéditos, críticas e entrevistas capazes de apresentar um profundo panorama sobre filmes e realizadores. 

Diversidade

A um clique, estão clássicos hollywoodianos. Estamos falando de “O Homem Invisível (1933), de James Whale”, “Rebecca – A Mulher Inesquecível” (1940), de Alfred Hitchcock, “A Felicidade Não se Compra”(1946), realizado por Frank Capra, e “Medo e Desejo”(1953), de Stanley Kubrick. 

Obras do expressionismo alemão, como “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang, também estão disponíveis na plataforma.  

Os cinemas brasileiro e mineiro estão, claro, muito bem representados no CineHumbertoMauroMAIS. 

“Rapsódia para o Homem Negro” (2014) e “Quintal” (2014), de Gabriel Martins e André Novais Oliveira, respectivamente, estão na programação, que dedica seção especial a um dos pioneiros do cinema no Brasil, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983). São 31 longas e curtas do realizador nascido em Volta Grande.

Produções premiadas de Hannah Serrat (“Retalho”), Débora de Oliveira (“Boa Morte”), Marcelo Lin (“Abdução”), Clara Antunes “Nós determinamos o que somos pelo que fazemos” e João Borges (“Moto-Perpétuo”) compõem a seção “Prêmio Humberto Mauro” e dizem muito do que é o cinema mineiro dos últimos 10 anos. 

“O público de Minas Gerais, do Brasil e do mundo inteiro pode acompanhar essa programação. E é importante ressaltar também que festivais e mostras que ocupam as salas do Cine Humberto Mauro também ganham versão na plataforma”, destaca Bruno Hilário. 

Ele se refere às mostras “O preço de Hollywood”, “A rotina tem seu encanto – 120 anos de Ozu”, dedicada à filmografia do diretor japonês Yasujirō Ozu, e “De volta para o futuro – 120 anos de ficção científica no cinema”, que ocuparam a sala do Cine Humberto Mauro e migraram parcialmente para a plataforma. 

Presença no interior

O CineHumbertoMauroMAIS acaba preenchendo uma lacuna para os cinéfilos que moram fora de Belo Horizonte e não podem acompanhar a programação presencial no Palácio das Artes. 

É o caso do editor de vídeo Adriano Luiz Reis, de Divinópolis, que conheceu a plataforma no auge da pandemia e se apaixonou pelo conteúdo.

Ele diz assistir a, pelo menos, três filmes por semana do catálogo disponível no site cinehumbertomauromais.com.

Segundo Reis, responsável por documentários que abordam a história de moradores de Divinópolis, o CineHumbertoMauroMAIS “tem qualidade técnica, apresenta uma boa diversidade de filmes e democratiza o acesso ao cinema”. 

“Para quem está no interior é uma maravilha. O mais bacana de tudo é poder ter acesso à produção mineira. Vi todos os curtas que estão lá. Faço questão de projetar em um telão em casa para ter uma experiência de cinema”, completa o editor. 

Além dos curtas e longas, Adriano Reis também não deixa de conferir textos, ensaios e entrevistas da seção “Notas Cinematográficas”: 

“É uma fonte de pesquisa também. Acompanho tudo do site, falo com amigos sobre os filmes que estão lá, entro em contato com a equipe, que sempre me atende. Tenho um envolvimento grande, é uma plataforma fantástica e gratuita”. 

Espaço de memória

Diretor, professor de cinema de animação e coordenador da Mostra Udigrudi de Cinema de Animação (Mumia), Sávio Leite já colaborou com textos para a plataforma e tem um curta-metragem – “Dinheiro” (2021), realizado em parceria com Arthur B. Senra – em cartaz no CineHumbertoMauroMAIS. 

“Para mim, é muito especial, porque a sala Humberto Mauro é um lugar de fundação e formação da minha geração, de uma que veio antes e das que vieram depois”, enfatiza. 

Após a ascensão da onda do cinema virtual no auge da pandemia, Sávio Leite celebra que a plataforma tenha se mantido relevante e ativa, sendo terreno fértil para cinéfilos, realizadores, pesquisadores, professores e amantes do cinema em geral. 

O cineasta mineiro sublinha um aspecto que considera fundamental na iniciativa da Fundação Clóvis Salgado.  

“Enxerguei nessa plataforma um depositário. Estamos guardando para as gerações que virão depois. Tem catálogos, textos, acervo preservado e um belo panorama contemporâneo do curta-metragem mineiro – tudo gratuito ao alcance do dedo. A plataforma é de extrema importância para a preservação da memória e da história da produção cinematográfica mineira contemporânea. Desejo vida longa ao CineHumbertoMauroMAIS”, diz o diretor Sávio Leite.

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