Mato Grosso do Sul lança panorama racial que aponta caminhos para equidade e cidadania – Agência de Noticias do Governo de Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul dá um passo importante na construção de políticas públicas mais justas e inclusivas com o lançamento, nesta quarta (2), do Painel Panorama Racial, ferramenta inédita que reúne dados sobre a população dos 79 municípios do Estado, com recortes por cor, raça e gênero.

Desenvolvido pelo Observatório da Cidadania, vinculado a UFMS, em parceria com a Secretaria de Estado da Cidadania e com apoio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia), o painel traz informações sobre educação, renda, moradia, religião e outros indicadores estratégicos para apoiar políticas públicas mais eficientes e promover a equidade e a cidadania no Estado.

A plataforma organiza os dados em painéis visuais e interativos, permitindo a visualização detalhada por município e por grupo étnico-racial. O objetivo é subsidiar políticas públicas com base em dados confiáveis e fortalecer a participação social, promovendo uma visão mais ampla das diferentes realidades que compõem o estado.

Secretária da Cidadania, Viviane Luiza enfatiza importância dos dados na construção de políticas públicas.

“Acredito muito nos dados e como eles modificam as políticas públicas. Mais do que números, esse painel representa vidas e pessoas. É com esses recortes que conseguimos entender religião, raça, território, economia e como podemos trabalhar a partir disso uma política pública que, por muito tempo, foi invisibilizada. Pensar nesse panorama é como olhar para um espelho que reflete quem somos, onde estamos e, principalmente, onde queremos chegar”, destacou a secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza.

Durante o lançamento, o coordenador do Observatório da Cidadania, professor Samuel Oliveira, reforçou a importância de tornar visíveis as diferentes realidades do estado para orientar decisões mais qualificadas.

“Sabemos que o que não é visível, não é percebido. E o que não se percebe, não se transforma. Por isso, tornar visíveis as diferentes realidades é o primeiro passo para promover mudanças concretas. Queremos que mais decisões, principalmente na esfera pública, sejam guiadas por informações qualificadas. Também queremos que cada vez mais pessoas tenham acesso a informações compreensíveis e úteis, para que todos possam participar ativamente das discussões públicas”, afirmou.

Coordenador do Observatório da Cidadania, Samuel Oliveira, apresenta plataforma e dados do panorama racial de MS.

A ferramenta é de acesso público e aproxima gestores públicos, pesquisadores e a sociedade da realidade local, contribuindo para o fortalecimento da cidadania e para a construção de políticas mais direcionadas e eficazes.

Para a subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lúcia Baptista Duarte, o painel traz um olhar mais próximo das necessidades da população e amplia a capacidade de ação do governo.

“O acesso a esses dados promove maior eficiência na construção das políticas públicas. É fundamental reconhecer a população sul-mato-grossense no contexto étnico-racial e direcionar ações para as localidades onde há maior necessidade. Esses dados nos ajudam a confirmar questões que já vínhamos debatendo e fortalecem nosso diálogo com a sociedade, com fontes confiáveis e organizadas”, ressaltou.

Subsecretária de Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lucia, diz que dados ajudam a confirmar questões que já vinham sendo debatidas.

Além de apoiar as ações governamentais, o Painel Panorama Racial é uma ferramenta que fortalece a participação social e a construção conjunta de soluções.

De Rio Brilhante, a gestora da Divisão de Direitos Humanos, Francis Jaqueline da Rocha, veio até a Capital entender como a ferramenta pode nortear o atendimento à população no município.

“Saber que existem esses dados específicos nos abre caminhos para trabalhar em várias pautas. É muito importante o acesso a esses números, porque a partir deles conseguimos efetivar as políticas públicas, principalmente nós, que agora estamos começando com a divisão de Direitos Humanos”, explicou Francis.

Panorama Racial

Os números revelam, por exemplo, que 47% da população sul-mato-grossense se autodeclara parda, enquanto 42,4% são brancos. Entre os grupos étnico-raciais, as populações preta e amarela apresentam os maiores índices de envelhecimento no Estado.

Na educação, o acesso ao ensino superior é desigual. As pessoas autodeclaradas amarelas entre 30 e 34 anos estudaram, em média, mais de 14 anos. Brancos têm média de 12 anos de estudo, enquanto pretos e pardos não passam de 11 anos.

No mundo do trabalho, os dados mostram que homens brancos e amarelos possuem as maiores rendas médias na zona urbana, enquanto pretos e indígenas continuam com os menores rendimentos.

Quando o tema é religião, a população sul-mato-grossense se divide entre católicos (51,9%) e evangélicos (32,4%), com destaque para a participação feminina em religiões evangélicas, espíritas, de matriz africana e nas tradições indígenas.

O Painel Panorama Racial de Mato Grosso do Sul já está disponível no site do Observatório da Cidadania e pode ser acessado por toda a população: www.observatoriodacidadania.ufms.br

Além de gráficos interativos, o usuário pode consultar dados específicos por município e comparar indicadores entre os grupos raciais. O material é atualizado constantemente, com previsão de incorporação dos dados mais recentes do Censo 2022 nos próximos meses.

Apresentação dos dados foi realizada no auditório da SEC, como parte da programação Julho das Pretas.

Paula Maciulevicius, Comunicação da Cidadania
Fotos: Matheus Carvalho/SEC